Sentimentos poéticos
Enveredei por
caminhos nos quais me queria perder e encontrar. Procurei o tudo, o nada, o
riso, a lágrima, o vazio, o infinito - a beleza da vida.
Encontrei a arte
– uma coletânea de emoções, vibrações, sensações, palpitações. Encontrei
poesia, cores, melodias, o pó. Encontrei o refúgio das ansiedades, verdades
arrebatadoras. Encontrei a mudança.
Descobri
uma nova forma de existir e ver o mundo. Descobri o ódio, o amor; a mágoa, a
cura; o medo, a paz. Descobri murmúrios, gritos, suspiros. O silêncio. Descobri
os cinco sentidos. A minha vida e a do outro. De outros. O tempo relativo. O
espaço mais apertado, condensado. Todas as vidas numa chama; uma vela a arder,
aguardando o seu fim. A escuridão.
Aprendi a ver.
Observar o mundo – este, o outro; o meu, um mais distante, a magia circundante.
O relógio a avançar e a recuar, deixando-me perdida neste universo paralelo. A
solidão.
Aprendi a ouvir.
Escutar as sombras, os olhares, os sorrisos, as hesitações e o gesto mais
impulsivo. A chuva, a madrugada, a noite, o dia. O sopro. O mais humilde
respirar, as mais violentas euforias. As viragens.
Aprendi a
saborear. Provar o desafio de mais uma página em branco. Várias telas,
pinceladas sinestésicas. A miscelânea de sons envolventes e embalantes,
aconchegantes. O desespero.
Aprendi os
aromas. O mar, a rua, o fora, o dentro, o perto, o longe. Uma chegada
inesperada, a costumeira presença. Um vício. O vício. A maior dependência.
Aprendi a sentir,
a tocar, a experimentar, a querer mais. Muito mais. A recorrer a esse conforto
sem igual. Ao frígido calor sufocante. Ao tépido frio cortante. Às mãos suaves
e secas. Aos olhares cruéis e afáveis. À vida madrasta e tão bela. À morte, feroz
e fiel inimiga. À eternidade. Aos sentidos
Folheei as leves
e brancas páginas. O negro ressaltava …
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